Ultimamente, ouço cada absurdo em relação à laicidade do Estado que me sinto obrigada a escrever sobre o assunto. No Brasil, parece que ocorreu um surto de psicose nas pessoas; sempre que um religioso se manifesta sobre um assunto (usando de argumentos religiosos ou não), logo bradam "o estado é laico", como se uma pessoa não pudesse ser religiosa ou manifestar-se como uma.

Por exemplo, quantas milhares de vezes não ouvimos "bancada cristã" ou "bancada evangélica" da Câmara como a principal culpada do "retrocesso" brasileiro? Pois bem, deixe-me lembrar algo a vocês: deputados são eleitos democraticamente. É engraçado que quando criticamos a Sra. presidente da república vem logo aquele argumento de que ela foi eleita pela maioria, portanto não pode ser criticada; porém, os deputados cristãos, também eleitos numa democracia, podem ouvir o maior número de insultos possíveis. 

Também há sempre aquela crítica, por exemplo, aos crucifixos que pendem na parede da Câmara de Deputados. Existe uma grande diferença entre Estado Laico, que permite a diversidade de religiões, ao estado ateu, que impede a manifestação dessa variedade de religiões. O Brasil é majoritariamente católico e seus representantes do povo também o são, não podem eles manifestarem isso?

Na França, mulheres são proibidas de andar com burcas e véus, tradições da religião islâmica. Assim como os crucifixos também são proibidos, por serem "objetos religiosos". Justo? Laico? É claro que não. Estado Laico não é aquele que impõe a uma sociedade o que deve manifestar ou não. E nós vivemos num Estado Laico sim, graças a Deus, onde uma islâmica pode usar uma burca, um católico pode andar com um crucifixo e feministas satânicas podem enfiar objetos religiosos em suas partes íntimas (não que isso seja ético, mas ninguém foi presa por isso). Imaginem se essa perseguição à bancada evangélica acontecesse também com quem desrespeita religião alheia, né?