O Mito da Relação Direta entre Pobreza e Criminalidade

O Brasil é um país violento, com criminalidade crescente, bem como com uma desigualdade social gritante. Constantemente, esses dois pro...


O Brasil é um país violento, com criminalidade crescente, bem como com uma desigualdade social gritante. Constantemente, esses dois problemas sociais são conectados numa relação inquebrável, em que um não pode existir sem o outro. Porém, há várias controvérsias nessa relação, tendo em vista vários fatores que influenciam na criminalidade. Chega a ser um preconceito achar que, por ser de origem simples, a pessoa automaticamente é mais propensa a cometer crimes.

Por exemplo, o professor Harold Schechter em seu livro Serial Killers – Anatomia do Mal cita as três características consideradas por especialistas como indicativos para futuros assassinos em série: enurese (urinar na cama por tempo além do considerado “normal”), piromania e sadismo precoce. São vários os exemplos de chamados Serial Killers – ou assassinos em série – que vieram de famílias estruturadas e de bom poder aquisitivo, como Wayne Willians, filho de professores, criado num lar estável e amoroso, condenado por dois assassinatos e ligado a uma série de mortes de crianças afro-americanas em Atlanta. Ainda, constata-se que o principal fator para a existência de criminosos violentos é uma infância conturbada. Muito mais que questões financeiras, traumas como a criação por uma família desestruturada, problemas psiquiátricos, dificuldade em se integrar na sociedade, abusos e ressentimentos são muito observados em criminosos violentos e sagazes. Porém, como no caso supracitado, existem criminosos criados em todo tipo de família, o que dificulta muito determinar uma base para a inclinação ao crime.

Conforme disse o antropólogo e cientista político Luiz Eduardo Soares, “um menino de rua que rouba para cheirar cola tem uma motivação completamente diferente da que move o operador financeiro que lava dinheiro para traficantes. No entanto, ambos estão cometendo crimes”. Os brasileiros reclamam com frequência de seus políticos corruptos, dos escândalos tão frequentes de casos de desvio de verba estatal. Então, seria a pobreza a causa para os crimes cometidos por estas autoridades? Os eleitos deste país eram de famílias humildes e não possuíram oportunidades na vida, por isso acabaram se tornando ladrões? O crime é um instinto do ser humano, podendo ser por ele externado ou inibido.

A imoralidade ultrapassa limites de acúmulo de riqueza. Como consta em reportagem da revista Superinteressante, “Fosse a pobreza a causa maior e única da criminalidade, o Piauí teria os maiores índices de ocorrência de roubos, furtos e homicídios do país. Mas os maiores índices, como se sabe, estão nos Estados mais ricos – em São Paulo, no Distrito Federal e no Rio Grande do Sul”. O que vai determinar as escolhas do indivíduo é ele próprio; um jovem que nasceu na favela pode se tornar um exímio infrator, mas também um empreendedor de sucesso (vide a história do fundador da escola Wise Up, Flávio Agusto, ex-morador da periferia fluminense e, hoje, um bilionário bem-sucedido). A moralidade do ser humano nasce no aprendizado acerca dos acontecimentos da vida, interpretando as situações adversas. O que diferencia o nascido na favela que rouba para trocar por drogas ao nascido na favela que se torna um trabalhador ético é a escolha. O que influencia a escolha é a própria moral, sendo esta criada e moldada pela consciência.

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